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Segundo dia do Festival de Brasília é embalado por produções que contam a história do Brasil

Nesta segunda-feira (2), as temáticas exploradas por “Apocalipse nos trópicos” e “Como nascem os heróis” comoveram o público do Festival.

O 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou ao segundo dia de exibições nesta segunda-feira (2). Durante a tarde, no Cine Brasília, situado na 106/7 Sul, a programação promoveu e apresentou produções cinematográficas que revisitam e debatem a história do país. Apocalipse nos trópicos e Como nascem os heróis, duas obras que lotaram as salas de cinema, não fazem parte das mostras competitivas do evento.

A série Como nascem os heróis abriu os Lançamentos do Ambiente de Mercado às 17h, na sala 2. Apresentada pela professora e drag queen Rita von Hunty, com direção de Iberê Carvalho e Marcelo Diaz, cada episódio desvenda a história dos heróis e heroínas oficiais da pátria. O episódio selecionado para passar no Festival conta a história de Zuzu Angel, uma importante personagem da época da ditadura militar. Ela, que era estilista, ficou conhecida também pela procura pelo filho, Stuart Angel, assassinado pelo governo ditatorial militar e transformado em desaparecido político.


A primeira temporada percorre sobre a trajetória de nomes como Getúlio Vargas, Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Dom Pedro I, Anita Garibaldi, Deodoro da Fonseca, Sepé Tiaraju, Duque de Caxias, Zuzu Angel e Bárbara Pereira Alencar. O projeto tem patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC) e da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). A previsão de lançamento na grade da TV Brasil é para 2025.

Rita explicou que a série reacende a memória dessas pessoas para não haver esquecimento: “O apagamento da memória permite com que figuras que são execráveis, que estiveram ligadas com o que existe de pior, de atraso, de retrocesso, de violência, de postura antidemocrática, possam sempre se atualizar e fazer herdeiros. Esse projeto de escovar a contrapelo a história dos heróis e heroínas ajuda a gente a ter outra perspectiva sobre a história do nosso povo, do nosso território e da nossa memória”.

Durante a sessão, o público riu, se indignou, se comoveu e, principalmente, refletiu. O gostinho de quero mais ficou no ar. “A reação do público foi muito boa, não quero falar muito para não me emocionar. Tem uma coisa muito bonita de que esse é um projeto nacional, de uma TV pública, que vai ser entregue para muita gente. Poder ser mais uma mão trabalhando nesse sentido é um orgulho difícil de pôr em palavras”, contou a apresentadora.


A emoção não parou por aí. Às 18h, na sala recém inaugurada Vladimir Carvalho, aconteceu a mostra paralela Festival dos Festivais. A proposta desta atividade é trazer para o solo brasiliense filmes que já foram exibidos em outros grandes festivais do Brasil, como os de Gramado, Rio de Janeiro e São Paulo.

O documentário Apocalipse nos trópicos investiga a relação de líderes evangélicos com a política brasileira. Dessa forma, revela a teologia apocalíptica que os impulsiona. Petra Costa, diretora, teve acesso a figuras como o Presidente Lula, o ex-presidente Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, que no documentário revela ter uma ligação forte, de longa data, com a política. Cruzando o passado e o presente, o documentário percorre momentos definidores do mosaico político do país, como a corrida eleitoral, a prisão do Presidente Lula e a tentativa de golpe do 8 de janeiro. Petra teve seu último filme, Democracia em Vertigem, indicado ao Oscar e listado pelo New York Times como um dos 10 melhores filmes de 2019.


“Eu sabia que queria fazer um filme que explorasse essas diferentes camadas: a camada do cinema direto, que era uma viagem pela movimentação da religião na política, através dos personagens que protagonizaram isso, o Bolsonaro, o Lula, o Malafaia e o povo. E a camada das pinturas como uma reflexão sobre o apocalipse, que eu queria investigar desde o início”, compartilhou a diretora durante debate após a exibição.

Cobertura e fotos: Sara Barreto

SERVIÇO - 57º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Data: Até 7 de dezembro
Local: Cine Brasília (106/107 Sul), Cia. Lábios da Lua (Gama), Centro Universitário Estácio (Pistão Sul, Taguatinga) e Complexo Cultural de Planaltina.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) somente para as sessões da Mostra Competitiva Nacional no Cine Brasília.
Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos para as demais sessões.
Programação completa: festcinebrasilia.com.br