A história do Rio, sob olhares diversos, no Museu Histórico da Cidade.
Por: Angélica Cabral
Foto de capa: Turma Bem Feito na Cinelândia, por André Arruda
Que tal conhecer a exposição inédita “Rio de Corpo e Alma”, no Museu Histórico da Cidade, na Gávea? O evento faz parte das comemorações dos 460 anos do Rio e começou neste domingo, véspera do feriado de São Sebastião, padroeiro da terra carioca. Assinam a produção da mostra Isabel Tinoco e Fabiana Gabriel, sob a curadoria da grande museóloga, pesquisadora e crítica de arte, Drª Isabel Portella. A exibição reúne um time de 10 artistas contemporâneos (nascidos aqui ou não), com a proposta de conectar o passado e o presente da cidade, por um viés multifacetado e atual.
Todos foram convidados a criar uma obra inspirada a partir de um seleto acervo da reserva técnica do museu, provocando um diálogo com as peças originais. As linguagens utilizadas são: esculturas, fotografias, pinturas, instalações e performances, que trazem uma reflexão coletiva sobre a história da cidade, sua configuração de metrópole e as transformações pelas quais vem passando ao longo do tempo.
Como diz a diretora do MHC, Gisele Nery, a exposição reflete a essência do Museu Histórico da Cidade: um espaço vivo, em constante transformação, que abraça a pluralidade de olhares e narrativas para reinterpretar a história e o futuro da nossa cidade.
Entre os trabalhos, destaque para o da artista Andrea Hygino, carioca do Méier, que costuma abordar a questão da carência alimentar. Ela apresentou pinturas em louças para contrapor a peças do acervo, que fazem referências a banquetes da elite, travando uma crítica social à miséria e à fome.

Tipos de Comer II, Andréa Hygino. Foto: Rafael Salim

Outra que chamou atenção foi a paraense, ativista e drag queen Rafa Bqueer, que produziu uma instalação com referências amazônicas, a partir do figurino de uma turma de Bate-bolas, contido nas relíquias do museu. Ao lado, a obra Themônia. Foto de arquivo.
O carnaval dos Clóvis (grupos tradicionais de foliões do subúrbio) também serviu de inspiração para o fotógrafo carioca André Arruda, que ampliou fotos ainda inéditas no Rio de Janeiro, de sua premiada série sobre os Bate-bolas, em alusão a registros fotográficos do carnaval do Rio antigo.
A obra de Julie Brasil, da Guatemala, também é instigante. Vinda para cá ainda criança, após a família fugir da guerra em seu país, a artista escolheu fotos antigas de sete paisagens, mantendo a presença de alguma montanha, por serem pontos de referência que estariam no mesmo lugar mesmo depois de tantos anos. Para sua surpresa, descobriu um morro de Copacabana que não está mais lá. Ele dividia a praia ao meio e estava localizado onde é hoje a piscina do Copacabana Palace! Revelação, no mínimo, inusitada...
Um trabalho também curioso é o do sergipano Zé Garcia. Ele pegou fotografias do acervo que mostram o Corcovado antes da construção do Cristo e criou uma escultura em madeira para ressignificar o monumento, fazendo um apelo aos problemas da cidade. Sua proposta é ter uma casa de marimbondo na cabeça do Cristo e colocá-la, literalmente, de cabeça para baixo. Além das imagens, o artista selecionou ainda fragmentos da estátua que restaram de sua construção.

Cuspindo Marimbondo, Zé Carlos Garcia. Foto: Acervo
Ficou curioso sobre a mostra e o lugar? Quer mais detalhes? Visite “Rio de Corpo e Alma” e saiba mais sobre onde você mora! Quanto mais conhecer a história, mais vai entender o porquê dessa Cidade ser Maravilhosa!
SERVIÇO:
Exposição “Rio de Corpo e Alma”
Temporada: de 19 de janeiro a 09 de março de 2025
Local: Museu Histórico da Cidade (Casarão de exposições temporárias)
Endereço: Parque da Cidade - Estrada St Marinha s/n, Gávea.
Horário: 9h às 16h (terça a domingo)
Entrada Franca
Classificação: LIVRE