MOSTRAR BARRA LATERAL
TOCA RAUL | ISRAEL PAIXÃO

Fé no corre!

 

Por: Devana Babu
Edição: #DF73
Fotos: Thaís Mallon

 

“Israel, tira esse boné. Aqui não é lugar de ficar de boné não!”, repreendeu o pastor no púlpito, ao microfone, diante de toda a igreja. Adolescente, Israel Paixão tinha acabado de descobrir o hip hop, e, desde então, fazia questão de ostentar a indumentária típica onde quer que fosse. Criado na Ceilândia em uma família negra evangélica, o músico consolidou, entre a infância e a adolescência, muitos dos traços da sua arte e personalidade. Com os avós, cariocas, aprendeu a amar a música. O avô era sambista e, se não se engana, chegou a tocar com Alcione. Com o pai, aprendeu a amar a dança e Michael Jackson. Quando o pai gravou para ele uma fita cassete com um show do astro, pirou! As tias, Andréa e Andreza, foram as primeiras a incentivá-lo a cantar. Já viam vocação ali. Uma vez, por cima do muro baixo da casa, viu os vizinhos fazendo piruetas, cabeça no chão, pernas girando no ar. Sem saber que aquilo era uma das manifestações da subcultura urbana a que se converteria e dedicaria sua vida e obra.


Foi o amigo Paulo Henrique, o Paulinho, quem lhe introduziu no rolê. Ensinou-lhe praticamente tudo. Na casa dele só rolava rap e Israel ia lá todo dia ouvir música e aprender cada vez mais. Conheceu Baseado nas Ruas, 2Pac, Apocalipse 16. “Só que eu não podia escutar em casa, né, véi? Não era evangélico, e tal”, afirma. O rap imperava nas ruas da Ceilândia, trilha sonora do futebol com os amigos e dos opalões que estacionavam na calçada. Ícones e pioneiros do rap, como DJ Jamaika moravam ali pertinho.

Não demorou até que Israel e Paulinho fundassem o próprio grupo, Consciência em Cristo. “Eu gostava do gangsta rap, mas não me via fazendo aquilo. Rolava muito tráfico, guerra com a polícia, um negócio muito louco, mas eu não conseguia me ver nesse meio, porque minha família é muito vibe positiva, total pra cima. Aí eu tive essa pira: misturar o rap com o louvor tradicional, porque eu gosto do groove do louvor, aquela parada muito dançante. Minha família sempre foi muito...[SAIBA MAIS!]