Atriz, psicóloga, consultora, escritora e pesquisadora: Camila Alves transforma em potência cada uma das frentes que ocupa. Com formação em psicologia e doutorado em psicologia social, ela vem se destacando nos estudos da deficiência e na construção de acessibilidade com impacto social
Por: Angélica Cabral
Fotos: Divulgação
Camila Alves é atriz, psicóloga e uma das vozes que vêm redesenhando as fronteiras entre arte, educação e acessibilidade. Seu primeiro contato direto com o fazer artístico aconteceu por volta dos 20 anos, quando começou a atuar como educadora e mediadora em exposições de museus no Rio de Janeiro. Mas sua escuta para a arte já vinha de antes — alimentada por professores e artistas contemporâneos que desafiam normas e reinventam caminhos. Entre essas influências, Camila destaca com admiração a coragem de artistas com deficiência, cuja presença potente e criativa segue inspirando seu percurso.
De consultora à primeira divisão da teledramaturgia brasileira
A artista ainda acumula mais uma profissão: a de consultora. Com formação acadêmica em psicologia e doutorado em psicologia social, atua na área dos estudos da deficiência. E é, em grande parte, por esse ofício que é mais conhecida. Foi justamente por meio da consultoria que veio o convite para integrar o elenco da novela “Todas as Flores”, que fez um sucesso estrondoso no streaming da Globoplay e, depois, foi transmitida também na TV aberta.
Em cena, sua personagem representava não só os deficientes visuais, como também o amor livre, abordando a bissexualidade de Gabriela - ela inclusive protagonizou o primeiro beijo entre muheres PCDs da TV brasileira, junto à Amanda Mittz, que interpretava Laura.
Nas telinhas e na vida real, Camila e sua personagem tinham algo em comum: a companhia de seu cão-guia, que na trama se chamava Astor e, na vida real, é o Pix! O animal teve tratamento 5 estrelas e contou com um instrutor responsável por adaptá-lo aos espaços de gravação, além de dirigi-lo em cena.

Sempre envolvida com a questão da arte e da acessibilidade, Camila cursou mestrado com foco em pesquisas sobre acessibilidade estética na arte, e publicou seu livro “E se experimentássemos mais? Contribuições não técnicas de acessibilidade em espaços culturais”. Na sequência, no doutorado, seguiu a pesquisa na direção das relações entre espécies, deficiência, gênero etc.
Falando sobre sua condição de deficiente visual, ela nasceu com retinose pigmentar e boa parte do seu trabalho vai na direção de ajudar às pessoas a compreender que a deficiência é uma condição humana, e não uma limitação em si. Ela faz um alerta importante: a maior parte de todas as limitações é gerada pelo capacitismo, e não pela deficiência! Vamos refletir sobre isso, galera!

Ah! Para quem não sabe como funciona a carreira de consultora de acessibilidade, é um trabalho de formação, letramento e construção coletiva. É o encontro com pessoas para discutir a temática da deficiência de um ponto de vista mais real e menos mítica. E também um espaço de reconstrução da narrativa da deficiência para projetos que vão para o mundo e geram impacto social e coletivo.
Perguntada sobre o que acha das políticas de inclusão a PCDs, a resposta é que temos, sim, ótimas legislações em território nacional, mas ressalta a importância de efetivação dessas leis.
Hoje em dia, Camila Alves vem coordenando sua clínica, onde atende pacientes e alunos, e ainda faz suas consultorias... Mas deixa bem claro que está aberta a mais oportunidades de trabalhar na TV. Sorte a nossa!
Por fim, ela convida os leitores e os seguidores da Revista Traços a seguirem seus perfis no Instagram @nexopsicoterapia e @camila_araujo_alves. Por lá, dá para todo mundo acompanhar de pertinho o que rola com essa “Mulher Maravilha das letras, das artes e da acessibilidade”!