Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: encerramento
Festival de Brasília nomeia Salomé como melhor longa da 57ª edição; DF conquista Melhor Ator de longa e Melhor Roteiro de curta.
Com cinco troféus, Salomé, de André Antônio, é eleito o vencedor do Festival de Brasília. O ator Wellington Abreu e o roteirista Nicolau, do DF, levam dois troféus das competitivas nacionais.
A tão esperada premiação do 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro aconteceu na noite deste domingo (8), no Cine Brasília (106/7 Sul). O longa pernambucano Salomé, dirigido por André Antônio, foi o grande vencedor e arrebatou a cerimônia com cinco troféus: Melhor Longa-Metragem, pelos júris Oficial e Popular, Roteiro, Direção de Arte, Atriz Coadjuvante e Trilha Sonora.
Salomé é o segundo longa do roteirista André. Para ele, agradar tanto à crítica quanto ao público é a concretização de um dos seus principais desejos:
“Nos meus projetos, normalmente, quando eu começo a desenvolver e captar grana, eles são rapidamente taxados de ‘cinema experimental’. Mas eu nunca faço um filme pensando ‘isso é para poucos, isso é para quem entende’. Não. Eu sempre penso que muita gente vai gostar. Quando a gente vê que o público e a crítica gostaram, é maravilhoso, é o que eu e toda a equipe queríamos”, diz.
“Eu também sou professor, porque só o cinema não dá para pagar as contas. A gente tem que se virar de todo jeito. Então, sempre que acaba não ganhando algo, não captando grana ou não conseguindo uma distribuição, é mais uma porta fechada. Hoje foi um dia de portas muito abertas, muito importante profissionalmente para mim, porque vai dar outros sinais verdes no futuro.” André Antônio
O drama queer acompanha o retorno da modelo Cecília à sua cidade, Recife, durante o Natal. João, um vizinho que não via há muito tempo, oferece a ela um frasco contendo uma substância verde tóxica. Cecília começa a se apaixonar por João, mas descobre que ele está envolvido em uma estranha seita. Segundo o diretor, depois da passagem por festivais, Salomé será distribuído no Brasil pela Vitrine Filmes e disponibilizado em streaming.
Crédito: Gustavo Alcântara/Divulgação
Distrito Federal
Na premiação da mostra competitiva nacional de longas, as produções do Distrito Federal também brilharam. Pela atuação no filme Pacto da Viola, dirigido por Guilherme Bacalhao, Wellington Abreu recebeu o troféu Candango de Melhor Ator.
“Eu não esperava, porque tem muita gente fera nessa mostra. Eu alimentava algumas expectativas, mas nunca a de Melhor Ator. De repente, meu nome foi chamado para receber um prêmio, e eu senti essa responsabilidade de ‘caramba, esse prêmio ficou em Brasília’. Fiquei muito emocionado. É uma responsabilidade muito grande para os próximos filmes que virão e que vão competir. Esse prêmio vai sinalizar a nossa insistência em continuar fazendo filmes bons”, declara Wellington.
Na mostra competitiva nacional de curtas, o troféu Candango de Melhor Roteiro foi entregue ao diretor, roteirista e editor Nicolau, por Descamar, o único representante do DF na disputa. Após receber duas menções honrosas e o título de Melhor Filme na Costa Rica, exibir o filme em casa teve um significado especial:
“Foi muito bom ser recepcionado em casa, pelos amigos, família, minha rede de apoio mesmo. Ver esse público curtindo o filme, vindo falar comigo e me dando feedback... Eu acho que isso é mais importante que os prêmios. Ser acolhido pelo público e por essas pessoas tão queridas é outro nível”, conta Nicolau.
Crédito: Sara Barreto/Revista Traços
O curta Descamar conta a história de Gabi, uma jovem que acorda com a estranha sensação de ter sido absorvida por algo inusitado. Durante uma aula no colégio, ela sente dores nunca antes experimentadas, até descobrir uma gosma espessa e vermelha em suas roupas.
“Eu não estava esperando mesmo, mas é uma sensação muito boa. Acho que isso pode ser um marco na minha carreira. A partir de agora, pode começar uma trajetória mais sólida na área de roteiro. É como um raio de energia para colocar minhas ideias no mundo”, explica Nicolau.
Prêmios da Mostra Competitiva Nacional – Longas-Metragens
Melhor Longa-Metragem
- Júri Oficial: Salomé (PE), de André Antônio
- Júri Popular: Salomé (PE), de André Antônio
Melhor Direção
- Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna por Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá (MG)
Melhor Ator
- Wellington Abreu por Pacto da Viola (DF)
Melhor Atriz
- Sinara Teles por Suçuarana (MG)
Melhor Ator Coadjuvante
- Carlos Francisco por Suçuarana (MG)
Melhor Atriz Coadjuvante
- Renata Carvalho por Salomé (PE)
Melhor Roteiro
- André Antônio por Salomé (PE)
Melhor Fotografia
- Ivo Lopes Araújo por Suçuarana (MG)
Melhor Direção de Arte
- Maíra Mesquita por Salomé (PE)
Melhor Trilha Sonora
- Mateus Alves e Piero Bianchi por Salomé (PE)
Melhor Edição de Som
- Pablo Lamar por Suçuarana (MG)
Melhor Montagem
- Luiz Pretti por Suçuarana (MG)
Prêmio Especial do Júri
- Ao cineasta Ruy Guerra, diretor de A Fúria (RJ)
Prêmios da Mostra Competitiva Nacional – Curtas-Metragens
Melhor Curta-Metragem
- Júri Oficial: Mar de Dentro (PE), de Lia Letícia
- Júri Popular: Javyju – Bom Dia (SP), de Kunha Rete e Carlos Eduardo Magalhães
Melhor Direção
- Lia Letícia por Mar de Dentro (PE)
Melhor Ator
- João Pedro Oliveira por E Seu Corpo é Belo (RJ)
Melhor Atriz
- Carlandréia Ribeiro por Mãe do Ouro (MG)
Melhor Roteiro
- Nicolau por Descamar (DF)
Melhor Fotografia
- Fernanda de Sena por Mãe do Ouro (MG)
Melhor Direção de Arte
- Caroline Meirelles por E Seu Corpo é Belo (RJ)
Melhor Montagem
- Cristina Amaral por Confluências (DF)
Melhor Trilha Sonora
- Ruben Feffer e Gustavo Kurlat por Kabuki (SC)
Melhor Edição de Som
- Kiko Ferraz e Ricardo Costa por E Seu Corpo é Belo (RJ)
Menção Honrosa do Júri
- Dois Nilos (RJ), de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro
Prêmios da Mostra Brasília – 26º Troféu Câmara Legislativa
Melhor Longa-Metragem
- Júri Oficial: Tesouro Natterer, de Renato Barbieri
- Júri Popular: A Câmara, de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão
Melhor Curta-Metragem
- Júri Oficial: Via Sacra, de João Campos
- Júri Popular: Manequim, de Danilo Borges e Diego Borges
Melhor Direção
- Adriano Guimarães por Nada
Melhor Ator
- Eduardo Gabriel Ydiriu por Manual do Herói
Melhor Atriz
- Gleide Firmino por Via Sacra
Melhor Roteiro
- Andrea Fenzl, Victor Leonardi, Renato Barbieri, Neto Borges e Rodrigo Borges por Tesouro Natterer
Melhor Fotografia
- Emília Silberstein por Xarpi
Melhor Montagem
- Silvino Mendonça por A Sua Imagem na Minha Caixa de Correio
Melhor Direção de Arte
- Maíra Carvalho, Marcus Takatsuka e Nadine Diel por Nada
Melhor Edição de Som
- Guile Martins e Olívia Hernández por Nada
Melhor Trilha Sonora
- Márcio Vermelho e Pedro Zopelar por Tesouro Natterer
Menção Honrosa do Júri
- Juliana Drummond pela excepcional performance nas apresentações da Mostra Brasília
Prêmios da Mostra Caleidoscópio
Melhor Filme
- Filhas da Noite (PE), de Henrique Arruda e Sylara Silvério
Prêmio Especial do Júri
- Topo (SP), de Eugenio Puppo
Prêmio de Melhor Filme de Temática Afirmativa
- Confluências (DF), de Dácia Ibiapina
Prêmios Especiais
Prêmio Zózimo Bulbul
- Melhor Curta-Metragem: Mar de Dentro (PE), de Lia Letícia
- Prêmio Especial do Júri: Dois Nilos (RJ), de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro
Prêmio Marco Antônio Guimarães
- Barreto, Fotógrafo das Lentes Nuas (RJ), de Miguel Freire
Prêmio Abraccine
- Melhor Longa-Metragem: Salomé (PE), de André Antônio
- Melhor Curta-Metragem: Kabuki (SC), de Tiago Minamisawa
Prêmio Canal Brasil de Curtas
- Kabuki (SC), de Tiago Minamisawa
Troféu Saruê (Correio Braziliense)
- A Fúria (RJ), de Ruy Guerra e Luciana Mazzotti
Prêmio Canal Like
- Salomé (PE), de André Antônio
Por: Sara Barreto