CAPA | O TERRITÓRIO, A REALIDADE E A FICÇÃO DE ADIRLEY QUEIRÓS
Título: O território, a realidade e a ficção do cinema de Adirley Queirós
Redação: Marianna França e Bárbara Noleto
Foto: Thaís Mallon
O cineasta Adirley Queirós, responsável pelas obras audiovisuais Rap, O canto da Ceilândia (2005), A cidade é uma só? (2011), Branco sai, preto fica (2014) e o mais recente sucesso internacional Mato Seco em Chamas (2022), entre outras, recebeu a Traços em um apartamento na Ceilândia Norte. O local, com um jeitinho de escritório, estava cheio de elementos que retratam a personalidade dele. Em um canto da sala, uma vitrola e discos de vinil desgastados. Perto do sofá, vários livros espalhados, repletos de post-its e anotações nos cantos das páginas, dando pistas a respeito do seu novo filme em execução, o Grande Sertão: Quebradas, que se passa na Ceilândia – uma releitura do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Adirley se mostra um homem modesto. Por trás da sua fala, existe alguém muito observador e comprometido com a própria visão de mundo. Ele é dono de um olhar crítico que, inevitavelmente, revela todas as suas vivências como homem branco periférico. Nos seus filmes, esse olhar se manifesta nas referências das suas lembranças e se misturam com o território, resultando em uma crítica social complexa sobre corpos às margens da sociedade. A partir daí, a realidade e a fantasia andam juntas. Um conceito que ele chama de “etnografia da ficção”, mescla entre documentário e ficção. O mais novo trabalho, Mato Seco em Chamas, obra em parceria com a diretora portuguesa Joana Pimenta, recentemente esteve estampado no New York Times e, desde o lançamento, ganhou mais de 40 prêmios em festivais de cinema...