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As memórias de Othon Bastos, no monólogo "Não me entrego, não"

A intensidade e a presença de palco de Othon Bastos vêm roubando a cena na programação cultural da cidade do Rio de Janeiro.

Que teatro é emoção ao vivo ali, aos olhos do espectador, não é novidade para ninguém... Mas assistir Othon Bastos celebrando 91 anos de idade e mais de 70 de carreira, em seu primeiro monólogo, é simplesmente inspirador! Escrito e dirigido por Flávio Marinho, “Não me entrego, não” surge a partir de memórias e experiências desse ícone das artes cênicas do Brasil, que criou muitos tipos e deu alma a dezenas de personagens.

A peça teve a temporada prorrogada e fica em cartaz no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea, até o dia 8 de dezembro, sempre de sexta a domingo. O público, além de relembrar momentos ímpares da trajetória do artista, ainda mergulha numa proposta de reflexão sobre a vida, a passagem do tempo e a resistência diante das adversidades. Por falar em adversidade, a montagem segue sem patrocínio, acreditem ou não...

Considerado o maior ator brasileiro vivo da atualidade, Othon carrega na bagagem títulos marcantes no cinema, como por exemplo, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha; e no teatro, “Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri; sendo estas duas passagens também relembradas no roteiro. Entre os temas abordados, estão: trabalho, amor, teatro, cinema e política... Tudo isso revestido de citações e referências de alguns dos autores mais importantes do mundo.


Querem saber como o espetáculo nasceu? Veio do desejo do veterano ator que, após assistir a montagem “Judy: o arco-íris é aqui”, quis relembrar suas histórias no palco. “Eu pensei como é maravilhoso contar a vida de alguém para a plateia. E aí falei com o Flávio que eu queria fazer uma peça com ele sobre a minha vida. E entreguei umas 600 páginas de pensamentos escritos sobre coisas que eu gosto, autores, anotações... Ali tinha um resumo bom sobre mim, e fomos fazendo”... Ele leu, entendeu e começou a condensar décadas de lembranças em alguns minutos de espetáculo teatral.

A biografia começa nos 11, 12 anos de Othon e vai até hoje. Segundo ele, nada foi fácil e muitos dos seus principais papéis vieram substituindo outro ator. “Se alguém me perguntar como comecei minha carreira, eu digo que comecei substituindo o Walter Clark, que era meu colega de turma de teatro, e depois muitas outras coisas aconteceram. O Chico Xavier já dizia que se uma coisa é sua, ela te encontra, não é preciso se preocupar”, pondera o homenageado, que tem a companhia de sua “memória” em cena, a atriz Juliana Medela, trazendo observações às suas falas. A ideia de ter a própria memória falando foi dele, que achou interessante ter uma espécie de Alexa no palco. Ela entra para fazer descrições, numa alusão pra lá de contemporânea à assistente virtual desenvolvida pela Amazon”.

“Não me entrego, não!” é uma celebração não só do talento de Othon Bastos, mas também da sua força e resiliência ao longo do tempo. O monólogo é uma oportunidade única para os fãs conhecerem um pouco mais sobre sua caminhada, recheada de histórias de superação e de amor pela arte. Preparem-se para uma experiência que promete arrebatar corações e aumentar ainda mais a admiração pela vida e obra do artista!

Por:  Angélica Cabral

Serviço: 

Espetáculo: "Não me entrego, não!".

Local: Teatro Vannucci – 3º Andar | Shopping da Gávea - Rua Marquês de São Vicente, 52.

Temporada: Até dia 8 de dezembro de 2024.

Horários: Sextas-feiras e domingos, às 20h; e sábados, às 20h30.

Duração: 90 minutos.

Venda: na bilheteria do teatro ou pelo site da Sympla.

Classificação: 12 anos.