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Roberta Holiday e sua incursão ao mundo das artes
Roberta Holiday (à esquerda) em painel do Festival D'Benguela 2024  

Por: Dan Alves

A artista Roberta Holiday  construiu uma trajetória marcada pela busca de identidade, pelo envolvimento profundo com a cultura e pela transformação através da arte. Moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, desde muito cedo manifestou interesse pela arte. 

A sua relação com o fazer artístico foi sendo construído de maneira gradual e discreta. Crescendo em um ambiente onde o acesso à arte era limitado, seus primeiros contatos com o mundo artístico aconteceram através de passeios escolares e influências familiares, como os momentos em que sua madrinha a levava para visitar museus no centro do Rio de Janeiro.

Falando de Amor, Roberta Holiday
Foi durante uma atividade artística na escola que Roberta se aproximou mais da pintura. Inicialmente, suas criações eram simples, experimentais e sem grandes pretensões. Ao longo do tempo, porém, a paixão pela arte cresceu, embora muitas vezes fosse deixada de lado em prol das responsabilidades da vida adulta e da pressão por seguir uma carreira tradicional. Esse desejo de retornar à arte foi fortalecido em 2020, quando Roberta encontrou na pintura uma forma de cuidar de sua saúde mental. 

— Por conta da pandemia, eu voltei. Comprei tinta e papel e comecei a pintar de novo, como uma válvula de escape — relembra a artista o seu retorno às artes plásticas.

Um marco crucial em sua trajetória foi sua passagem pelo Centro AfroCarioca de Cinema Zózimo Bulbul, onde participou de um curso intensivo que mudou sua perspectiva de vida. Ali, Roberta teve a oportunidade de trabalhar ao lado de profissionais negros, em um ambiente de coletividade e apoio mútuo. É neste espaço que ela se capacitou profissionalmente, possibilitando sua atuação no mercado da arte.

— Foi um divisor de águas na minha vida, porque estar ao lado daquelas pessoas, nessa coletividade negra, mudou minha perspectiva como pessoa, como mulher preta — explica Roberta seu entendimento sobre o curso e como não apenas a inseriu no universo do cinema, mas também ajudou a se reconectar com suas raízes e a afirmar sua identidade artística.

Após essa experiência transformadora, Roberta aprofundou sua atuação no campo das artes visuais, passando a explorar diferentes técnicas e temas em suas obras. Sua formação no Parque Lage e em outras instituições contribuiu para o amadurecimento de sua prática artística, permitindo que ela se expressasse de maneira mais autêntica e conectada com suas vivências.

"O meu processo criativo vem muito da minha vivência, da música, principalmente o hip hop e o rap, e das minhas relações com as pessoas ao meu redor. As cores vão surgindo, e o trabalho vai fluindo naturalmente, quase como se uma coisa levasse a outra de forma espontânea."


Celebração é Magia, Roberta Holiday

Hoje, Roberta se destaca por suas obras que falam de amor, de doçura e das experiências do corpo negro e periférico. Ela acredita que seu trabalho deve dialogar com as pessoas, ser compreendido por todos, desde seus familiares até aqueles que nunca tiveram contato com as artes visuais.

"Eu quero que as pessoas entendam meu trabalho, quero que minha mãe entenda, que minha vizinha entenda. Eu penso assim e isso vem do Centro AfroCarioca de Cinema Zózimo Bulbul. Fazer algo que só eu entendo não faz sentido."

Atualmente, é possível ver as obras da artista em diferentes exposições. Em São Paulo, tem obra sua compondo Um Defeito de Cor, que fica em cartaz até 1º de dezembro no Sesc Pinheiros. Além disso, a artista também está na exposição Memórias Habitadas, que segue em cartaz até 1º de outubro no Sesc Teresópolis e Sesc Três Rios.


Atravessamentos, Roberta Holiday

Por meio da sua arte, Roberta Holiday continua a explorar e expressar sua identidade, sua história e sua visão do mundo, sempre em busca de novas formas de se conectar com o público e de expressar sua perspectiva sobre a realidade.

Siga Roberta no Instagram: @robertaholiday