Ler em grupo, debater as ideias do livro e ter encontros regulares pode ser um ótimo incentivo para quem tem como meta aumentar a leitura este ano.
Por Mariana Vieira
Fotos: Acervo dos entrevistados
Todo começo de ano traz consigo um convite à renovação. É aquele momento de traçar metas, repensar hábitos e abrir espaço para novas experiências. Entre as resoluções que muitos prometem adotar, está um velho e querido desafio: ler mais. Porém, em tempos de telas dominando o cotidiano, o hábito da leitura tem, infelizmente, ficado em segundo plano.
Mas e se a leitura pudesse ser mais do que um momento solitário? E se ela também se tornasse uma ponte para conexões e troca de ideias? É aí que entram os clubes de leitura – grupos apaixonados por livros que se reúnem, presencial ou virtualmente, para compartilhar impressões, debater obras e até mesmo criar novas amizades.
1. Clube de Leitura Brasília
Claiperon Fernandes de Sousa, analista comercial e fundador do Clube de Leitura Brasília, acredita no poder transformador da literatura. Ele começou incentivando colegas de trabalho a lerem mais e, oito anos depois, sua ideia inicial ganhou vida própria, evoluindo para um perfil no Instagram que reúne leitores de diferentes partes do país.
“Ando com livro para cima e para baixo, e no setor em que eu trabalhava, as pessoas sempre pediam indicações. Um dia, minha chefe sugeriu que eu criasse um clube do livro. Foi aí que tudo começou”, relembra Claiperon.
Hoje, ele continua promovendo o amor pelos livros com encontros virtuais que conectam pessoas de diversos lugares – e até autores das obras lidas. “O online trouxe a possibilidade de ampliar o alcance e fazer com que mais gente participasse. É uma experiência incrível ver a literatura unindo pessoas”, afirma.

Para Claiperon, a leitura vai além do prazer individual. É um ato transformador para toda a sociedade. “A literatura abre a nossa mente. Ela nos permite trabalhar temas importantes e sonhar com um mundo mais democrático.”
O próximo encontro do Clube de Leitura Brasília já tem data marcada. Os participantes vão debater o livro Um homem chamado Ove no dia 2 de fevereiro. Para participar dos encontros, os interessados devem enviar mensagem para o perfil do clube.
2. Livr(ar)
Há cinco anos, Tati Sabadini, poeta e escritora da cidade, resolveu montar um clube de leitura diferente, chamado Livr(ar). Como ela mesma descreve, “é um clube para mulheres lerem mulheres", com encontros mensais, que acontecem online.
Autora dos livros Segundo 19 (Zouk, Porto Alegre) e também de Confissões de quarta-feira, Poemas que eu não queria escrever sobre você e Diário de uma jovem escritora (publicados de forma independente), Tati acredita que a literatura pode ser pode ser um espaço de entendimento e libertação principalmente para as mulheres. “Meu objetivo é desmistificar esse espaço da leitura. Os livros têm que ser para todo mundo”, afirma.

“Quando fazemos os encontros, é quase uma sessão de terapia em conjunto! É muito bom entender que a leitura não precisa ser solitária, que podemos ler e depois conversar com outras pessoas.” Tati Sabadini
Quem faz parte de um clube, acaba tendo uma forma de organizar as leituras e um prazo estabelecido. Com uma curadoria que inclui autoras contemporâneas, os debates passam por questões que permeiam o universo das mulheres : maternidade, relacionamentos, trabalho e envelhecimento. As inscrições vão até o final de janeiro e as obras escolhidas para este semestre estão disponíveis no site da autora.
3. Lendo Mulheres Brasília
Uma proposta similar acontece no clube Lendo Mulheres Brasília, que há 8 anos reúne interessadas por literatura, mesclando autoras clássicas e contemporâneas. Os livros são lidos mensalmente e os encontros acontecem de forma presencial, em diferentes locais. Confira a programação no perfil Lendo Mulheres Brasília.
4. Clube do Livro Inclusivo, da Biblioteca Braille Dorina Nowill
Instituições públicas e privadas do Distrito Federal também oferecem iniciativas para reunir o público leitor. Uma atividade diferenciada é o Clube do Livro Inclusivo, da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga. De acordo com Leona Fontes, que trabalha há 19 anos na instituição, trata-se de um clube do livro que, por meio da audiodescrição de uma voluntária, transmite as obras escolhidas para as pessoas com deficiência. “Ao final, temos alguma atividade relacionada ao conteúdo. É bem lúdico e espontâneo, nada é obrigatório, mas tem esse compromisso de incentivar a leitura e a inclusão tecnológica para as pessoas com deficiência", explica.
Os interessados podem acompanhar a programação e as próximas edições pelo perfil da Biblioteca Braille no Instagram ou pelo telefone (61) 3464 7056.
5. Clube de Leitura BDB
Já a Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) conta com um Clube de Leitura que busca trazer obras que estão no interesse do público. Para a edição de janeiro, por exemplo, foi escolhido para o encontro o livro Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, que aborda a luta da família Paiva durante a ditadura militar brasileira e que inspirou o longa-metragem homônimo.
O encontro, às 19h do dia 24/01, será híbrido, permitindo a participação presencial, na sede da BDB localizada na EQS 506/507, Asa Sul, ou virtualmente, por meio do canal oficial da biblioteca no YouTube.

A curadoria e mediação é da pesquisadora da Universidade de Brasília e livreira Eduarda Brum, que promete uma discussão enriquecedora sobre a narrativa emocionante do autor. “O Clube de Leitura da BDB é uma oportunidade de debater uma das obras mais impactantes da literatura brasileira contemporânea em um espaço que valoriza o diálogo e a troca de ideias”, ressalta a mediadora desta edição, Eduarda Brum.
Os interessados em participar do Clube de Leitura devem ler o livro previamente ao encontro e fazer sua inscrição por meio deste formulário. Além disso, os participantes podem tirar dúvidas ou solicitar mais informações pelo grupo exclusivo no WhatsApp .
Os outros 2 projetos que indicamos são o clube de leitura da Biblioteca Central da Universidade de Brasília, que inclusive está promovendo um inusitado encontro literário às cegas, e o da Biblioteca Nacional de Brasília, com encontro marcado para o dia 29/01.
Seja debatendo clássicos, descobrindo novas autoras ou promovendo a inclusão, os clubes de leitura mostram que os livros podem nos conectar de formas inesperadas e profundas. Em 2025, que tal aceitar esse convite para ler mais, compartilhar mais e crescer mais? A próxima página da sua história pode começar em um desses grupos.