MOSTRAR BARRA LATERAL
Festival celebra dia da Mulher Negra e de Tereza de Benguela celebrados no Rio de Janeiro

Festival D’Benguela, no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira, celebra o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e o Dia de Tereza de Benguela.

Por: Dan Alves
Fotos: Matheus Tavares (Mavs)

A data de 25 de julho reúne duas celebrações importantes: o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e o Dia de Tereza de Benguela. Este ano, o Instituto Avança Nega, liderado por Marcele Oliver, organizou novamente o Festival D’ Benguela no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muhcab), na zona central do Rio de Janeiro. A segunda edição do evento repetiu o sucesso do ano anterior no território conhecido como Pequena África. 

Tereza de Benguela, uma líder quilombola no Brasil colonial, é lembrada por sua resistência e liderança na luta contra a escravidão. Ela liderou o Quilombo do Quariterê, na atual região de Mato Grosso, após a morte de seu marido, José Piolho. Sob sua liderança, o quilombo se tornou um importante centro de resistência, abrigando centenas de negros escravizados fugitivos e indígenas. Tereza organizou uma estrutura política, econômica e militar para proteger sua comunidade, sendo um símbolo de luta pela liberdade dos escravizados no Brasil.

Durante o evento no Muhcab, a modelo Amanda Queen participou de um painel e compartilhou sua experiência no segmento da moda. "Essa experiência foi incrível. Não apenas pela data que é super simbólica. Mas a mulher negra tem que ser enaltecida todos os dias, nós movemos o mundo e as estruturas.” disse Amanda, citando Ângela Davis. Além dos painéis, o público presente teve a oportunidade de conhecer o trabalho de empreendedores afrocentrados dos mais diferentes segmentos, do artesanato aos gêneros alimentícios.

Marcele Oliver expressou sua satisfação com o público que superou as expectativas. "Estou muito feliz. Fazer esse evento no Muhcab tem um valor histórico muito grande. Estamos em uma terra em que meus ancestrais ajudaram a construir.” comentou Marcele, que foi aclamado pelo público por sua contribuição em fomentar o protagonismo das mulheres negras no Rio de Janeiro. Através do Instituto Avança Negra, Marcele almeja fortalecer o empreendedorismo preto e dar visibilidade a essas mulheres.

A Pequena África, situada nos bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo, é um local de resistência cultural e espiritual para os afro-brasileiros. O Cais do Valongo, principal porto de entrada de africanos escravizados nas Américas, é hoje Patrimônio Mundial da UNESCO. A região atrai turistas interessados em sua rica história e cultura, sendo um espaço de preservação das tradições africanas e um centro de religiões afro-brasileiras como o candomblé e a umbanda.

Das 10h às 18h, o evento foi marcado por fortes emoções, tanto pelas conversas desenvolvidas nos painéis como pelas intervenções artísticas. A performance de Egili Oliveira e o desfile "Movimento Sustenta" foram destaques. A coleção, assinada por Milena Alves, visa fomentar o movimento de mulheres feitoras de moda sustentável, destacando a pluralidade socioeconômica e a autoridade vestual.

A analista de eventos Luciane Dias, que mediou os painéis, disse que recebeu a missão com grande alegria. “Foi um evento lindo onde nós tivemos três painéis com foco em empoderamento e ancestralidade”, compartilhou conosco. “É um espaço de identificação. Quando você tem acesso a uma história de uma mulher preta similar à sua, te dá a sensação de acolhimento”.

O evento encerrou as atividades com muita comoção e alegria, reafirmando o compromisso da região em preservar a ancestralidade que constitui a memória do espaço. Marcele já deixou avisado que vem muito mais por aí.