A maior exposição já dedicada a Cazuza chega ao Rio com hologramas, inteligência artificial e cenografias interativas que prometem uma viagem sensorial pela trajetória do ícone do rock brasileiro. "Cazuza Exagerado", em cartaz no Shopping Leblon até setembro, apresenta mais de 700 itens pessoais do artista em nove salas imersivas que marcam os 35 anos de sua morte
Por: Angélica Cabral
“Senhoras e senhores, trago boas novas": Cazuza vive! E o terraço do Shopping Leblon, na zona sul do Rio, é palco para a maior e mais completa exposição já dedicada ao poeta rebelde, que, há exatos 35 anos, partiu como “um flit paralisante qualquer”, deixando “tudo fora do lugar”. Agora, em mais de 1.200 m² e nove salas imersivas, o público embarca numa viagem emocional e sensorial pela vida e obra de Agenor de Miranda Araújo Neto.
Sob o olhar afetuoso de Lucinha Araújo, mãe, guardiã e presidente da Sociedade Viva Cazuza, e a curadoria de Ramon Nunes Mello, temos a oportunidade de ver mais de 700 itens do acervo pessoal do artista: desde um álbum de bebê e cadernetas da infância até a máquina de escrever e a camiseta da turnê "Exagerado"— símbolos do início de uma carreira solo visceral e transformadora. Figurinos, manuscritos originais das letras, cartas, fotografias inéditas, registros raros e todas as "Raspas e restos" que nos fazem querer "de presente o seu bis".

Do garoto ao ícone do rock
A mostra se apresenta de forma cronológica, começando no ambiente "Agenor Caju": um recanto familiar com brinquedos, fotos antigas e relatos que revelam os primeiros passos daquele "garoto que ia mudar o mundo". Nas salas seguintes, o Barão Vermelho ganha espaço e energia com vinis, vídeos, cenas de bastidores e lembranças do Rock in Rio de 1985. Depois, o percurso celebra a era solo, quando Cazuza se transformou em "manchete popular" nas rádios, nas TVs e nas vozes de uma geração que queria uma "Ideologia pra viver".

Usando e abusando dos recursos digitais, a exposição é, verdadeiramente, "um museu de grandes novidades", que mistura memória e inovação. Por meio de cenografias vibrantes, trilhas sonoras envolventes, hologramas reais e displays interativos com inteligência artificial, o visitante se sente parte do universo criativo de Caju (como era chamado pelos mais íntimos). É possível "operar câmera" como num estúdio e/ou sentar-se numa mesa do Canecão para assistir parte do show de gravação do álbum "O Tempo Não Para". Em outro espaço tecnológico, há uma recriação da tradicional Pizzaria Guanabara (ponto de encontro, conversa e nostalgia), com projeções que trazem as vozes de Ney Matogrosso, Frejat, Gilberto Gil e Bebel Gilberto.
Coragem contra o preconceito
Além da arte, Cazuza foi símbolo de coragem. Com "seu prazer virando risco de vida", enfrentou o HIV/AIDS e o preconceito com a mesma veemência de suas letras. A mostra, claro, não foge dessa faceta combativa: expõe seu engajamento social, exibe recortes da imprensa da época e reaviva aquela postura de cronista político de um artista à frente do seu tempo e que pedia "Piedade à gente careta e covarde".

Ao final do tour, além de experiências sensoriais, tem a loja oficial, inspirada no universo do cantor. Vinis clássicos, camisetas, pins, azulejos e artigos exclusivos circulam como peças de colecionador, conectando gerações e perpetuando a poesia urbana que, eternamente, "faz parte do show" de Cazuza.
Ariano, Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu em 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro. Intenso, boêmio, irreverente e dono de uma sensibilidade aguçada, "transformou o tédio em melodia" e conquistou diversos prêmios em sua breve e vitoriosa trajetória artística. Morreu aos 32 anos, vítima de complicações decorrentes da AIDS, no dia 7 de julho de 1990, em casa, na capital carioca.
Uma vida louca vida para celebrar
"Cazuza Exagerado" é mais do que uma exposição: é um chamado para viver o presente com poesia e rebeldia... É um banquete para sentidos e alma... É a prova de que seu legado continua a pulsar forte no coração do "Brasil", que insiste em não mostrar sua cara. Não perca essa experiência! Permita-se emocionar, cantar junto, amar com mais entrega e celebrar essa "Vida, louca vida" de forma intensa... "O poeta está vivo"!
Serviço:
Exposição: "Cazuza Exagerado"
Local: Terraço do Shopping Leblon – Av. Afrânio de Melo Franco, 290.
Temporada: De 12 de junho até 14 de setembro.
Horários: Segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo e feriado, das 13h às 21h.
Duração: 60 minutos, aproximadamente.
Venda: site oficial cazuzaexposicao.com.br
Ingressos: A partir de R$ 40 (meia).
Acessibilidade: Espaço 100% acessível, com banheiros adaptados e elevadores.
Classificação: Livre.