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CAPA | MEMÓRIAS AFETIVAS DOS CINEMAS DO RIO

Importância dos cinemas de rua, mostrada em filme pré-indicado ao Oscar, é lembrado por personalidades da cultura carioca.

 

Por: Amanda Pinheiro e Leonardo Lichote
Edição: #RJ20
Fotos: Arquivo Nacional

 

Em “Retratos fantasmas”, filme escolhido para representar o Brasil no Oscar 2024, Kleber Mendonça Filho faz uma reflexão sensível, ao mesmo tempo afetiva e social, sobre o fechamento de cinemas de rua no centro de Recife. Inspirada pelo filme, a TRAÇOS convidou cinco personagens da cultura carioca para falarem de suas memórias de salas que já fecharam no Rio — e pensar os efeitos disso para a vida da cidade. — O que é melhor para uma cidade? — pergunta Kleber. — É melhor ter uma sala de cinema na calçada, que recebe milhares de pessoas por semana e naturalmente dá vida àquele lugar ou é melhor fechar aquilo e fazer um banco, uma farmácia, uma empresa de alugar carro? O que é mais importante pra cidade do ponto de vista da cidadania? Porque uma prefeitura tem que olhar pra cidade como um espaço de cidadania. Se ela fecha os olhos, cruza os braços e deixa o mercado destruir tudo, o resultado é o que vemos nas cidades brasileiras hoje.

A cultura do shopping versus a cultura da rua está no centro dessa questão, na visão do cineasta. Uma disputa marcada fortemente por interesses econômicos, ele defende: — Não há uma visão de se defender o convívio, a vida na calçada, na rua. Até porque existem grupos muito poderosos que investiram bilhões em shopping centers. O empresariado, com a ajuda do poder público, canaliza a população para os shoppings. A população nem percebe. É o bombardeio de reportagens sobre como o Centro é sujo, perigoso, cheio de drogados, e a valorização do shopping como espaço para passear.

O pernambucano também tem suas lembranças das salas cariocas. No início dos anos 1990 ele foi pela primeira e única vez no Cinema 1, em Copacabana, fechado em 1998. Mas a experiência ficou marcada: — Fui ver “Asas do desejo”. Nunca esqueci porque foi um filme bem marcante, e eu fiquei surpreso porque nunca tinha ouvido falar desse cinema. Achei muito bom ter em Copacabana um cinema que não chegava a ser secreto, mas era discreto. E também não era nem grande e nem pequeno. Era parte do...[SAIBA MAIS!]