Quando o arco-íris desemboca no mar...

Quando o arco-íris desemboca no mar...

Neste domingo, Copacabana não será “apenas” Copacabana. A partir das 11h, a orla mais famosa do país se transforma em palco de memória, protesto e festa com a 30ª Parada do Orgulho LGBTQI+. Três décadas depois da primeira marcha, o ato volta ao mesmo local, à Avenida Atlântica, para lembrar que orgulho, no Rio, foi ressignificado e virou verbo na primeira pessoa do plural.

Por Angélica Cabral
Foto: Sophie Popplewell

O tema desta edição resume o espírito da celebração: “30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis”. A ideia é propor um olhar para ontem, hoje e amanhã. De um lado, lembrando a coragem de quem ocupou as ruas quando assumir a própria identidade significava correr ainda mais risco. De outro, chamando atenção para a necessidade de pensar políticas públicas, meio ambiente e direitos humanos de forma integrada, em um país que segue sendo um dos que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo.

Organizada pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, a Parada começa a tomar forma ainda pela manhã. A concentração acontece na altura do Posto 6, mas, como sempre, rapidamente se espalha por toda a orla. Famílias com crianças, casais de todas as orientações sexuais, blocos de amigos, militantes, drags, idosos, turistas: um quebra-cabeça humano tão colorido quanto as bandeiras hasteadas em cada metro quadrado de asfalto. Ao longo do dia, trios elétricos e apresentações artísticas se misturam a discursos que cobram combate à LGBTfobia, políticas de saúde e educação, e garantia de emprego e renda para a população mais vulnerável.

Mais do que uma grande festa a céu aberto, a Parada Carioca se consolidou como um dos principais atos políticos do calendário da cidade. Reconhecidamente, foi o Rio quem colocou o Brasil no mapa do Orgulho e esta é uma das marchas mais antigas da América Latina. Em 1995, aproximadamente, 3 mil pessoas ocuparam Copacabana sob coordenação do Grupo Arco-Íris, abrindo uma trilha que hoje se espalha por centenas de cidades no território nacional. De lá para cá, o bandeirão de 124 metros já foi aberto sob sol forte, chuva, vento, e segue símbolo máximo de que, mesmo diante de retrocessos, essa população não aceita voltar para a invisibilidade.

Para marcar os 30 anos, a organização aposta na memória afetiva de quem já brilhou na Atlântica. Foi lançada uma campanha nas redes sociais para convidar o público a enviar fotos de edições passadas. As imagens vão compor mosaicos na comunicação oficial da Parada, como um grande álbum coletivo de diversidade, afeto e resistência. Cada selfie tremida, cada beijo registrado, cada cartaz improvisado ajuda a contar a história de um movimento que começou pequeno, virou multidão e hoje reforça a sensação de pertencimento em uma história que não para de ser escrita.

A Semana do Orgulho, que antecede o ato, incluiu ainda ações de cidadania e cultura, como rodas de conversa, atendimentos jurídicos e atividades voltadas para prevenção de violências e promoção de direitos. Vale lembrar que o evento de domingo na praia é só o momento mais visível de um trabalho que, na verdade, se estende o ano inteiro. Ali é a vitrine viva da diversidade brasileira, com um lembrete piscante, que diz: apesar dos avanços, ainda temos muito a conquistar!!

Serviço
30ª Parada do Orgulho LGBTI+ Rio 2025


Data: domingo, 23 de novembro de 2025
Local: Praia de Copacabana – Posto 6 (orla)
Concentração: a partir das 11h
Organização: Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI
Redes sociais: @paradalgbtirio