Mapa da Semana Negra: siga a batucada!!

Mapa da Semana Negra: siga a batucada!!

No Rio e nos seus arredores, o feriado de 20 de novembro não cabe em um dia só. A Consciência Negra virou uma espécie de trilha urbana: se você seguir o som dos tambores, vai passar por Niterói, cruzar a Baixada e voltar ao Centro da Cidade Maravilhosa, encontrando cortejos, festivais, feiras pretas e rodas de conversa.

Por Angélica Cabral
Foto: Dani Dacorso

Em Niterói, o ponto alto é o Festival Viva Zumbi, que chega à 16ª edição no Caminho Niemeyer, na própria quinta-feira, a partir das 10h, com entrada gratuita mediante retirada de ingressos no Sympla. Anunciado como “a maior celebração da cultura negra do RJ”, o festival junta Jorge Aragão, BK, Filhos de Gandhi, Roda do Candongueiro, Negamanda, Baile das Antigas, Fanfarra e o Caxambu Joaquim Ramos de Porciúncula, além de feijoada, debates e feira de gastronomia afro. É a parada obrigatória de quem quer ver, num único dia, a ancestralidade de terreiro conversando com o rap de uma geração que grita contra o racismo.

Seguindo pela Baixada Fluminense, a rota preta faz uma curva importante em Duque de Caxias. De 16 a 22 de novembro, a cidade recebe a Semana de Tradições e Artes Negras e Contemporâneas, espalhada por vários pontos, como a Catedral de Santo Antônio e a Praça do Pacificador. Na programação entram Missa Afro Imaculada, edição especial do Circuito Cultural Boca Pra Fora, espetáculo com o grupo MultiArte, apresentação da escola de samba mirim Pimpolhos da Grande Rio, Cine Teatro, Preta Feira, homenagens, palestras, a 1ª Corrida e Caminhada Consciência Negra e a 8ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Caxias transforma a agenda em declaração política: cultura negra não é só show, é também economia, saúde, religião, esporte e decisão sobre políticas públicas.

No município vizinho, a Consciência Negra toma o palco do Sesc Nova Iguaçu com o espetáculo-manifesto do Coletivo Afromaré. O trabalho, intitulado “Dos Nossos Para os Nossos”, é apresentado como um manifesto que reforça o mês de novembro na cidade, em sessão única, dentro da programação especial do Sesc. Na mesma trilha, o projeto Consciências, do Sesc RJ, espalha ações em diferentes unidades do estado com filmes, debates e oficinas que discutem desigualdades raciais, recontam a história a partir de vozes negras e convocam o público a práticas antirracistas no cotidiano.

Na capital, os eventos comemorativos passam pelo Centro e pela Zona Oeste. A Prefeitura do Rio programou, para o dia 20 de novembro, a 11ª edição do Cortejo da Tia Ciata, no Centro, o Samba do Terreiro de Crioulo, na Praça das Juras, em Bangu, e uma homenagem a Zumbi dos Palmares, em Padre Miguel. O cortejo, que sai da região do Campo de Santana pela manhã, reivindica nas ruas a memória da matriarca do samba e das religiões de matriz africana. Já o samba na Zona Oeste leva a celebração para territórios onde a população negra é maioria, mas a visibilidade nem sempre acompanha.

Costurando esses pontos (Niterói, Baixada, SESCs e Centro do Rio), dá para enxergar um grande mapa da Semana Negra. E não é um roteiro turístico, mas sim, um circuito de memória viva. De Zumbi a Tia Ciata, de Jorge Aragão a BK, de feijoada comunitária a conferência municipal, a Consciência Negra se afirma como algo que não cabe só em discursos: ocupa palco, praça, igreja, terreiro e transforma tudo em um grande quilombo urbano.

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