Fotógrafa, cineasta e artesã, artista multilinguagem busca construir narrativas sobre seu território
Por: Rick Barros
Fotos: Lyvia Leite
Lyvia Leite, 27 anos, nasceu e cresceu em Magé, na Baixada Fluminense. Artista multilinguagem, trabalha com fotografia, cinema e artesanato, unindo arte e memória para contar histórias do território onde vive. Além de seu trabalho artístico, é Coordenadora de Comunicação no Instituto Mirindiba, integrante do Coletivo Guarani e faz parte da Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção da Saúde da Fiocruz.
Quando a gente vive em uma cidade com muitas ausências, que tem complexidades e direitos negados, acabamos nos deslocando para ter acesso a educação e saúde melhores. Como artista, sinto que só conseguimos alcançar as pessoas quando temos um olhar múltiplo sobre a vida. Trabalhar com diferentes linguagens me permite pluralizar vozes e olhares sobre a cidade.
Lyvia sempre esteve envolvida com coletivos e movimentos que pensam a reestruturação da cidade. Para ela, a arte é uma ferramenta pedagógica e um meio de transformação social, que nos permite falar sobre as desigualdades que nos atravessam e, ao mesmo tempo, imaginar outros mundos possíveis. A criação artesanal sugere a construção de um mundo mais democrático e igualitário.
A relação com a natureza e a cultura popular marca seu trabalho. Lyvia é fundadora da Canirim, marca de acessórios e peças de decoração que eterniza plantas naturais em resina. A ideia surgiu de sua pesquisa acadêmica sobre agricultoras de Magé e soberania alimentar.
Durante a graduação, conheci mulheres que trabalham com agroecologia e produção agrícola sustentável. Isso me aproximou da minha própria história, já que minha avó era jardineira e meus pais são artesãos. O artesanato sempre esteve presente na minha vida.


No audiovisual, Lyvia desenvolve projetos documentais que buscam resgatar a memória do território. Seu curta Mulheres, Terras e Sabores – Experiências Agroecológicas em Magé, ainda em finalização, retrata a trajetória de agricultoras e seu impacto na preservação ambiental. "A ideia é mostrar como essas mulheres propõem modelos de regeneração e já possuem tecnologias sociais avançadas para um território mais sustentável. Muitas vezes, buscamos soluções fora, mas elas já estão sendo tecidas aqui", completa.
Nos últimos anos, a artista tem se dedicado à fotografia documental como uma forma essencial de registrar e preservar a história de Magé. Diante da constante perda de arquivos e registros, seu trabalho busca oferecer um olhar próprio sobre o território, utilizando a fotografia e o audiovisual como ferramentas para valorizar a memória e identidade local.

Enxergo meu trabalho como um ecossistema. A natureza e as plantas são referências para tudo que faço. A arte não precisa ser uma monocultura, algo fixo. Hoje, o mundo pede que a gente se expresse de várias formas para sensibilizar as pessoas. E, para mim, criar esse ecossistema artístico é uma maneira de alcançar diferentes públicos e contar histórias que realmente importam.
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