Desafiar padrões, ocupar espaços e mostrar talento... Haonê Thinar, presente!

Desafiar padrões, ocupar espaços e mostrar talento... Haonê Thinar, presente!

A força de Haonê Thinar vai muito além das telas. Multiartista, ela tem transformado sua própria história em símbolo de resistência e representatividade. No ar, no canal de maior audiência da TV aberta nacional, ela mostra que corpos diversos também protagonizam narrativas que refletem o Brasil real

Por Angélica Cabral
Fotos: Márcio Farias
 
A Revista Traços entrevistou essa mulher preta, de 33 anos, atriz e modelo, que tem conquistado público e crítica, além de abrir caminhos para uma representatividade mais diversa e realista na televisão. 

Haonê Thinar está no ar em Dona de Mim, novela da TV Globo, marcando um dos momentos mais significativos da teledramaturgia recente. Intérprete de Pam, personagem cheia de vida, conflitos e afetos, a artista mostra que corpos diferentes devem viver histórias complexas, amorosas e cotidianas, sem estereótipos.

Sua trajetória é marcada por coragem desde a infância. Diagnosticada com osteossarcoma, um tipo de câncer ósseo, precisou amputar a perna direita aos nove anos de idade para vencer a doença. Diante da nova realidade, resolveu transformar o obstáculo em impulso e, através da arte, vem construindo um cenário que amplia o debate sobre acessibilidade e visibilidade de Pessoas Com Deficiência nas produções audiovisuais.

No campo profissional, a estrada teve rotas variadas. Já fizeram parte do currículo experiências como recepcionista de balada, caixa de bar e até trabalhos no formato CLT, no setor de RH. Será que passos tão diferentes podem ter alguma coisa em comum? Sim, a determinação.

Na TV, a estreia aconteceu após sua participação na peça Meu Corpo Está Aqui, formada exclusivamente por PCDs. O espetáculo chamou a atenção da autora Rosane Svartman, e dali veio o convite para fazer o folhetim que preencheria a grade no horário das 19h.

Nas telonas, Haonê poderá ser vista no filme “90 Decibeis”, que teve pré-estreia no Festival do Rio e no Festival de Cinema de Paris. Fazer essa longa foi a realização de um sonho, não só dela, como de parte do elenco, incluindo Benedita Casé e a roteirista Julia Spadaccini, ambas com deficiência auditiva. Durante esse papo com a Traços, ela lembrou com carinho do período das gravações, quando estava grávida de 6 ou 7 meses da filha, Lavínia.

Já a carreira modelo tem andado parada, e não por falta de vontade, mas pura e simplesmente por carência de oferta. Atenção, marcas, olhem a oportunidade aí! Nessa seara, se destacou em 2023 no desfile da São Paulo Fashion Week para a marca Meninos Rei, reforçando a importância de incluir a multiplicidade de corpos na moda e na mídia.

Perguntada sobre as políticas de inclusão, ela vê bastante progresso, mas ainda há muito a percorrer, especialmente em relação à geração de empregos. A maioria das vagas disponíveis fica concentrada somente no setor administrativo. Você já se perguntou o porquê disso? Tem horas que precisamos explicar o óbvio: Pessoas Com Deficiência também têm boletos para pagar e possuem a mesma capacidade para exercer outras funções. O crescimento profissional não pode ser limitado!

Sobre planos futuros, existe o projeto de fazer um monólogo autobiográfico e, claro, conseguir consolidar seu nome com mais trabalhos na TV, no cinema e no teatro. E disso ninguém duvida que vai acontecer... Afinal, com talento, autenticidade e carisma, Haonê Thinar mostra que a inclusão pode ser feita com boas histórias e que a ficção pode ser um poderoso espelho da realidade brasileira.

Até lá, vamos seguir o perfil da gata no Instagram e ficar por dentro de tudo o que vai rolar: @haonethinar