A arte de eternizar o cinema, o olhar dos bastidores e novas formas de pensar a arte visual fazem parte do que motiva a fotógrafa, que tem Brasília como base e inspiração
Por: Mariana Vieira
Fotos: Luciana Melo
Para Luciana Melo, fotógrafa still há mais de uma década, a arte de fotografar cinema é uma confluência entre técnica e sensibilidade. Especializada em capturar momentos únicos durante as filmagens, ela é responsável por criar as imagens que posteriormente serão utilizadas na divulgação de filmes e séries, desde cartazes até materiais para imprensa e redes sociais.

Por que você não chora?”, de Cibele Amaral
A fotografia still é uma especialidade fundamental na indústria cinematográfica, onde o profissional precisa trabalhar em sintonia com a equipe de filmagem, mas com um olhar próprio.
"Você tem que ter a mesma lente, o mesmo diafragma, no mesmo ângulo, mas também procuro ter um olhar que ninguém ali da equipe está tendo"
No entanto, a fotógrafa observa que ainda existe um desconhecimento sobre a importância do still no mercado audiovisual brasileiro. "Falta conhecimento até dos próprios produtores de como eles podem usar melhor as minhas fotos", reflete. Com a evolução das mídias digitais, o trabalho ganhou novas dimensões, expandindo-se para além dos tradicionais cartazes de cinema e adentrando o universo das redes sociais.
Capitão Astúcia”, de Felipe Gontijo
Formada na cultura cinéfila de Brasília, tendo participado dos ciclos de cinema coordenados por Sérgio Moriconi, Luciana iniciou sua jornada profissional no cinema em 2014, através de um convite do diretor e amigo José Eduardo Belmonte. “Ele foi um grande incentivador, me colocou no cinema e nunca mais saí”, lembra.
Dentre os vários projetos do diretor brasiliense que Luciana participou, destaca-se o inédito Aurora, filme de terror com estreia prevista para este ano e que conta com nomes como Carolina Dieckamann, Juliano Cazarré e Marjorie Estiano no elenco.
Em sua jornada, Luciana tem registrado importantes produções nacionais, incluindo trabalhos recentes como Entrequadras, de Pipo Gontijo, Um Dia Útil e Honestino, longa metragem de Aurélio Michiles filmado em Brasília com Bruno Gagliasso no papel de Honestino Guimarães, líder estudantil perseguido pela ditadura militar. Com previsão de estreia para 2025, a produção retrata um período conturbado da história do país e tem a cidade como plano de fundo.

Honestino, o Filme, de Aurelio Michil
Olhar humano
Em tempos de inteligência artificial e manipulação digital, Luciana defende o valor do olhar humano na fotografia. "Vai ser dado muito mais valor ao que é feito tetê-a-tetê mesmo, o real", argumenta, prevendo uma valorização crescente do trabalho artístico genuinamente humano. Para ela, a fotografia é, como dizia Cartier-Bresson, "a junção da mente, coração e olho".

Para quem deseja seguir o caminho da fotografia still, Luciana recomenda uma sólida formação visual através do cinema clássico. "O cinema traz a bagagem da fotografia e como contar uma boa história", explica. "Não basta você fazer belas imagens, você tem que colocar história, você tem que dar algo relevante para quem está vendo."
Entre sets de filmagem e projetos pessoais, Luciana Melo continua expandindo sua arte, agora mirando também o mercado de fotografia autoral e exposições em galerias. Para 2025, prepara uma exposição individual na qual pretende expor seu amplo acervo de bastidores do cinema nacional. Uma trajetória que comprova que, mesmo em tempos de transformações tecnológicas, o olhar sensível do fotógrafo continua sendo fundamental para contar histórias através de imagens. Afinal, inteligência artificial não tem coração.
Confira mais do trabalho de Luciana neste link e siga a artista: @lucianamelofotoarte