Em um movimento pioneiro que vai além dos tradicionais indicadores econômicos, Brasília recebe a primeira Pesquisa de Felicidade, inspirada no conceito de Felicidade Interna Bruta; saiba como participar
Por: Mariana Vieira
Foto: Yuyang Liu
Brasília recebe em 2025 a primeira Pesquisa de Felicidade, inspirada no conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB). Mais do que um levantamento estatístico, o estudo pretende transformar esses dados em insumos estratégicos para a criação de políticas públicas e projetos sustentáveis alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da União das Nações Unidas (ONU).
A iniciativa, desenvolvida pela Plataforma FIB2030 em parceria com o Instituto Gestão da Felicidade e a Rede de Pesquisas Científicas da Felicidade, combina rigor científico e inovação social para avaliar, de forma abrangente, a qualidade de vida dos moradores da capital federal.
De acordo com os organizadores, essa pesquisa não se resume a um levantamento estatístico; ela busca transformar dados em insumos estratégicos para o desenvolvimento sustentável e a melhoria das políticas públicas.
A proposta de medir a felicidade como um indicador de desenvolvimento já é uma realidade em países como Nova Zelândia e Finlândia, que adotaram métricas de bem-estar em suas políticas públicas. Estudos apontam que organizações que investem na felicidade de suas comunidades e colaboradores registram aumento na produtividade, na inovação e na adaptação a mudanças, além de redução no absenteísmo e no estresse.
João Paulo Barboza, cientista da felicidade e um dos coordenadores do projeto, destaca a relevância da iniciativa. “Para nós é uma felicidade poder implementar este programa aqui em Brasília e ofertar dados baseados em ciência com objetivo de favorecer tanto o estabelecimento de políticas públicas quanto de projetos locais que priorizem o bem estar dentro de um planejamento de desenvolvimento sustentável".
Ele explica que o programa está estruturado em quatro fases, sendo a primeira a aferição dos indicadores com metodologia científica. “Depois, ancorado pelos dados da pesquisa, vamos disponibilizar uma trilha de aprendizagem orientada por conhecimentos da ciência da felicidade, disponibilizada gratuitamente para quem responder a pesquisa.” Por fim, o grupo pretende publicar um relatório com as descobertas da pesquisa.
O que faz você feliz?
A Traços conversou com Ana Paula Daltoé, especialista e integrante da equipe do FIB2030, para entender os principais aspectos e impactos deste projeto inovador.
O que é a Felicidade Interna Bruta (FIB) e como surgiu esse conceito?
A Felicidade Interna Bruta vai além do Produto Interno Bruto (PIB), pois mede o bem-estar integral da população, considerando fatores como saúde, educação, meio ambiente e desenvolvimento social. Esse conceito foi proposto pelo rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck, em 1972, desafiando a visão econômica tradicional e destacando que o progresso de uma nação deve ser avaliado pela qualidade de vida de seus cidadãos.
Como a Pesquisa de Felicidade de Brasília se diferencia de outros levantamentos sobre bem-estar?
Esta pesquisa se destaca por unir metodologias científicas a uma abordagem prática e inovadora. Ao avaliar nove dimensões essenciais – como bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, entre outras. Ao contrário do que se pensa, a felicidade é uma habilidade que pode ser desenvolvida pelo ser humano.
Qual a importância de medir a felicidade como indicador de desenvolvimento para a cidade?
Medir a felicidade fornece uma visão mais completa e humana do progresso. Com dados baseados em ciência, gestores públicos e privados podem criar políticas e projetos que priorizam o bem-estar dos cidadãos, indo além das métricas econômicas tradicionais. Essa abordagem integrada pode transformar Brasília em um exemplo de cidade que valoriza a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável.
Quais benefícios os participantes da pesquisa podem esperar?
Os participantes receberão um diagnóstico personalizado sobre seu bem-estar, o que lhes permitirá identificar pontos de melhoria na qualidade de vida. Além disso, terão acesso gratuito ao curso digital 'Trilha de Aprendizagem: Como Ser + Feliz Todo Dia', que utiliza metodologias de referência internacional para ajudar no desenvolvimento pessoal e na transformação de hábitos.
Como essa iniciativa pode impactar o futuro das políticas públicas em Brasília?
Os dados coletados serão organizados em um Relatório de Felicidade, que servirá de base para a criação de políticas públicas mais eficazes e projetos sustentáveis. Essa integração entre a ciência e a prática pode inspirar gestores, empresas e a sociedade a adotarem estratégias que valorizem não apenas o crescimento econômico, mas sobretudo o bem-estar dos cidadãos, promovendo uma transformação significativa na gestão urbana.
Com resultados que serão divulgados no Dia Internacional da Felicidade, celebrado em 20 de março, essa pesquisa representa um passo decisivo para repensar o desenvolvimento urbano em termos de qualidade de vida.
Segundo Ana Paula Daltoé, a iniciativa é uma oportunidade única para transformar dados em ações que promovam uma Brasília mais humana, sustentável e verdadeiramente próspera. Participe respondendo o formulário.