Andréa Chiesorin: Engajamento e ativismo como forma de vida

Andréa Chiesorin: Engajamento e ativismo como forma de vida

Conheça Andréa Chiesorin, uma pesquisadora, de 57 anos que faz da dança um caminho para o ativismo dos direitos culturais, do anticapacitismo e da inclusão.


Por: Angélica Cabral
Fotos: Sol Ahumada, Jaime Acioli e Marcos Brand

Para entender um pouco da história dessa figura incrível, vamos descrevê-la: mulher branca, cisgênera, fluida e sem deficiência, mas que reconhece nessa condição privilégios estruturais que demandam constante problematização. 


Dos primeiros passos ao ativismo

Curitibana, ela foi se tornando um ser engajado politicamente após se mudar para a Cidade Maravilhosa com a família, em 1984, aos 17 anos. Naquela época, em plena efervescência das Diretas Já, o desejo da jovem era somente fazer audição para trabalhar como artista da dança no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mas de lá para cá, muita coisa mudou.

Voltando um pouquinho no tempo, vivendo o esplendor da adolescência ainda no sul, a menina precoce, que queria ser bailarina desde pequena, começou a dar aula de ballet para crianças. Mais tarde, aqui no Rio, iniciou o contato entre dança e pessoas com deficiência, por causa das atividades de uma associação de pais, profissionais e PCDs, conhecida por DefNet. O ano era 1996, quando estava mergulhada no ativismo em defesa dos direitos humanos. Um pouco mais tarde, em 1998, e formada em Psicologia, voltou a fazer aula de dança; desta vez, na Escola Angel Viana. Maravilhada com o trabalho daquela mestra revolucionária, decidiu fazer a formação de dança contemporânea e de terapia através do movimento, fortalecendo o compromisso de seguir fomentando seus ensinamentos.

Como uma coisa puxa a outra, conheceu o Programa Artes Sem Barreiras/Funarte/Minc e participou do Festival e Congresso Latino Americano de Arte Sem Barreiras. Ali foram os primeiros passos com a produção cultural de PCDs.


A luta pela acessibilidade na cultura

Atualmente, ela faz Doutorado na UERJ em Políticas Públicas e Formação Humana/PPFH, sendo bolsista do CAPES, com estudo concentrado na área da cidadania e das políticas públicas de cultura. Dedicou os últimos 20 anos a pesquisas nas instâncias de fóruns, colegiados e conselhos. Atua também como dançarina-psicóloga, com foco no campo das artes, da acessibilidade e no ativismo contra as mais diversas opressões na nossa sociedade globalizada.

“Quantas pessoas com deficiência estão ativas nos projetos culturais e das artes?”

Andréa Chiesorin chama a atenção para as raríssimas ofertas para quem tem qualquer tipo de deficiência dentro da produção cultural, seja no palco, na técnica ou onde eles quiserem estar. Segundo a estudiosa, isso enfatiza ainda mais a sensação de grupo “minorizado” e provoca uma reflexão: “quantas pessoas com deficiência estão ativas nos projetos culturais e das artes?”. Para ela, é necessária uma reconstrução política e social no país.

Hoje, está à frente da Pulsar Cia. de Dança, fundada em 2000, junto aos bailarinos Teresa Taquechel, Rogerio Andreolli e Fernanda Rocha. O trabalho do grupo sempre buscou a pesquisa de movimento, e o encontro entre artistas com e sem deficiência investigando a linguagem da dança. Para a Pulsar, o corpo é um campo de luta e potência.


Inclusão e folia: a acessibilidade no Carnaval

A Orquestra Voadora tem sido um exemplo de resistência e inclusão no Carnaval, contando com a participação ativa de pessoas com deficiência em ensaios, oficinas e desfiles. Em 2025, a ala da acessibilidade do bloco completa seis anos, reforçando a importância de iniciativas que garantam a presença de todos nos espaços culturais e festivos.

Para Andréa Chiesorin, ações como essa mostram que a arte pode — e deve — ser um território de diversidade e pertencimento.