O SILÊNCIO TEM VOZ
Foto: Luísa Machala
Por: Angélica Cabral
“O espetáculo 'Mouco: Uma Dança para a Sociedade' nasceu como um berro... Ele precisava ser ouvido!”. É assim que Uyan Vilela Henriques, de 36 anos, artista circense e da dança, descreve sua obra. O monólogo explora de maneira poética as nuances do som e do silêncio, utilizando a dança como meio para contar histórias e expressar sentimentos profundos. A trilha sonora incorpora sons e ruídos do aparelho de surdez - que ele utiliza por conta de sua perda auditiva - que ressoam a própria experiência do artista, trazendo ao público uma nova perspectiva sobre o universo sensorial.
Foto: @JenfsFotografia
Graduado pelo Centro de Formação Artística Palácio das Artes e pela Escola de Circo Trupetralha, em BH, Uyan tem raízes cariocas: sua mãe é cria de Honório Gurgel, e ele vê, no Rio de Janeiro, um espaço de acolhimento e afeto. Uyan compartilha este mesmo sentimento com os palcos, o que o fez montar seu primeiro trabalho e voltar a atuar, após 8 anos lecionando.
Com uma carreira consolidada em diversas companhias de dança e circo, Uyan continua a contribuir com a cena artística, sempre propondo novas formas de se conectar com a realidade por meio da arte. O espetáculo "Mouco", dirigido por Ítalo Augusto, foi possível graças à Lei Paulo Gustavo, e, além de ter sido aclamado em palcos brasileiros, em breve será lançado em formato de documentário.
Foto: @JenfsFotografia
“As companhias teatrais colocam o artista PCD nos palcos como uma espécie de obrigação, e não por “enxergarem” que todos são iguais, portadores de deficiência ou não. É importante que os espaços públicos tenham recursos para receber todos os tipos de pessoas com deficiência. A empatia pode (e deve!) salvar o mundo... Olhar nos olhos de um surdo e falar pausadamente faz toda a diferença. É uma forma de carinho”.
Mais do que um bailarino ou circense, Uyan é um contador de histórias visuais, que nos faz refletir sobre a sociedade e nossa relação com a diversidade. Para ele, a inclusão no palco vai além de uma formalidade; é sobre enxergar o potencial criativo em cada ser humano.
Nesta quinta-feira, 26 de setembro, celebramos o Dia Nacional do Surdo, uma data importante para refletirmos sobre inclusão e respeito à comunidade surda. Para o artista, a data é “um ato político! É a chance de mostrar ao mundo que, sim... O surdo tem voz!”.
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