Eduardo Victor, o Dudu, é um multifacetado artista de 25 anos que transforma paixão em ação. Criador de conteúdo, DJ, apresentador e ativista ferrenho, Dudu é uma voz potente que ressoa em diversas plataformas culturais do Rio de Janeiro. Com seu carisma contagiante e visão crítica aguçada, ele tem conquistado espaço na cena cultural da capital fluminense, trazendo frescor e autenticidade para seus projetos.
Por: Angélica Cabral
Fotos: Acervo do artista
O jovem artista faz do ativismo sua bandeira, transformando o combate à LGBTFobia e ao capacitismo duas pautas para chamar de suas! Sua performance artística é marcada por um discurso inclusivo e provocador, que convida o público a repensar preconceitos e celebrar a diversidade. Para Dudu, a arte é ferramenta de transformação social, e cada set como DJ ou apresentação cultural carrega essa mensagem.
“Ousar sonhar precisa ser uma resposta para um mundo que não enxerga PCDs como pessoas!”
Ele, que tem paralisia cerebral, acredita que é justamente isso que impulsiona sua vida todos os dias. O fato de ter nascido de seis meses e meio, precisando passar 52 dias na UTI, foi apenas a primeira batalha que venceu. Agora, a luta parece ser ainda mais desafiadora: fazer com que Pessoas Com Deficiência possam viver com dignidade e tenham direito ao sonho.
Seu processo de criação começou justamente por não encontrar alguém que tivesse as mesmas questões que as suas, e com algum poder de fala. Quando pesquisava o tema "paralisia cerebral", lá em 2016, só existiam médicos abordando o assunto. “Onde estavam as pessoas como eu? Então, resolvi contar minha própria história, porque só assim conseguimos criar futuros possíveis para a gente. A narrativa é poder, principalmente na era da internet. Então, essa foi a forma que utilizei para me encontrar”...
Já a inspiração artística veio do avô de criação, que morreu precocemente aos 49 anos, vítima de um AVC, que atingiu sobretudo sua voz. Ele era um cara negro, com muito talento, mas que não foi reconhecido. O neto, também amante da música, mesmo quando não sabia andar, com quase 2 aninhos de idade, se apoiava nos móveis de casa e dançava até com o barulho da máquina de lavar. Atualmente, o rap e a cultura hip-hop vêm acolhendo nosso Dudu, que encontra inspirações também em nomes como: Duquesa, N.I.N.A, Liniker e Ebony, Sant.
Sobre a LGBTfobia, ele declara ter sentido menos preconceito durante os anos em que morou na periferia, na Cidade de Deus. Hoje em dia, no Valqueire, também na zona oeste da cidade, o preconceito não acontece separadamente por ser LGBT, ou de forma isolada, por ser PCD. Essas questões são uma interseção, que fazem sua história ser única. “Ter uma deficiência já é um desafio por si só, e quando o indivíduo não performa a masculinidade esperada, o “problema” vai se agravando. Mas não tem como dizer que esses desafios não caminham juntos”, concluiu Dudu.
Sobre as políticas de inclusão, Dudu avalia com olhar crítico os avanços conquistados até aqui. "É muito louco a gente pensar que a Lei Brasileira de Inclusão existe somente desde 2015! De fato, só há 10 anos, a gente tem legislação para incluir PCDs. Eu sou jovem e já era adolescente quando isso aconteceu." Para ele, a evolução pode ser acelerada. "É necessário cobrar por mais precisão nas pesquisas do Censo! Precisamos nos posicionar coletivamente enquanto Pessoas Com Deficiência e tudo ainda parece muito embrionário quando se fala de acessibilidade! Evoluímos, mas ainda tem um trabalho árduo. Mas avançaremos mais... Acreditar é o que nos resta, né?".
Entre seus projetos, vale destacar o sensacional “Além da Rampa”, um hub de soluções de educação para empresas e organizações que queiram buscar letramento anticapacitista, através de um olhar propositivo e de afeto para construir futuros inclusivos. Faz um ano que esse sonho se tornou realidade e a primeira cliente foi a Boca Rosa. A ideia surgiu como uma forma de falar que acessibilidade não é só o óbvio - mas é também o óbvio! “Do que adianta termos rampas se as Pessoas Com Deficiência não são bem recebidas nos espaços? Inclusão não é só "chegar lá", mas permanecer. E com as palestras e mentorias do Além da Rampa, eu acredito que teremos um futuro com mais empregos, que valorizam a identidade de PCDs e que fazem isso a partir do letramento”. Incrível, né?

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