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O palco do Teatro Casagrande, no Leblon, virou um santuário do rock com o espetáculo “Rita Lee – Uma Autobiografia Musical”. Em cena, Mel Lisboa resgata a trajetória intensa, irreverente e libertária da rainha do rock brasileiro. Com roteiro e pesquisa de Guilherme Samora e direção de Márcio Macena e Débora Dubois, a montagem chega ao Rio após mais de um ano com todas as sessões esgotadas em São Paulo, onde foi vista por mais de 60 mil pessoas
Por: Angélica Cabral
Inspirado na narrativa honesta da própria Rita, em livro lançado em 2016, que detalha desde memórias da infância e descoberta de discos voadores até alguns de seus porres homéricos, a produção expõe os altos e baixos da carreira da cantora e compositora. São revisitados momentos cruciais: a formação d’Os Mutantes, o disco Fruto Proibido (que desafiou a ditadura), a prisão em 1976 durante o regime militar, a parceria e união com Roberto de Carvalho, e uma vida marcada por liberdade e ativismo, especialmente pelos direitos dos animais.
Foto: João Caldas
E quem for assistir, vai contar também com um elenco estelar, em que cada um dos intérpretes é responsável por levar ao palco a brasilidade da MPB, em momentos que se misturam a cenas diretas da biografia de Rita Lee. Entre os gigantes que contam a história, estão: Bruno Fraga, como Roberto de Carvalho; Fabiano Augusto, revivendo Ney Matogrosso; Debora Reis, interpretando Hebe Camargo; Flavia Strongolli, como Elis Regina; Yael Pecarovich, na pele de Gal Costa; Antonio Vanfill, em papéis duplos (Arnaldo Baptista e Charles Jones); Gustavo Rezende, encarnando Raul Seixas; Roquildes Junior, no papel de Gilberto Gil; além de Lui Vizotto e Priscila Esteves, no grupo de apoio.
Como sucesso pouco é bobagem, Mel Lisboa, que já havia interpretado Rita dez anos antes em outra produção, a pedido da própria roqueira, recebeu, pelo trabalho atual, o Prêmio Shell de Melhor Atriz, além de indicações ao APCA, DID e ao Prêmio PRIO do Humor. Um desses destaques se deu pela performance de Débora Reis, que interpreta Hebe, outro momento brilhante da montagem, com indicação de direção e atriz no PRIO. O musical recebeu ainda o Prêmio Arcanjo Especial.
Com direção musical afiada pelos maestros Marco França e Marcio Guimarães, o espetáculo reúne canções que traduzem a ousadia e o talento da nossa diva. Os arranjos mesclam rock, pop e samba, em reverência às suas diversas fases. A cenografia e figurinos recriam desde os anos 70 até a contemporaneidade, com coreografias marcantes de Tainara Cerqueira (auxiliada por Priscila Borges), luzes vibrantes de Wagner Pinto e figurinos assinados por Carol Lobato e Giu Foti.
Foto: Divulgação
Desde a estreia carioca, no dia 26 de junho, Mel Lisboa foi ovacionada por público, crítica e celebridades que comparecem a cada sessão. A superprodução é considerada “um verdadeiro show”, em que a plateia canta e aplaude, especialmente no bis. A Revista Traços marcou presença lá, conferindo e participando da transformação do teatro em uma grande pista de dança coletiva.
Se, apesar de tudo, você ainda está em dúvida se deve assistir ou não, a gente ajuda a decidir! É raro encontrar um musical que, além de remeter ao memorável, reviva com autenticidade uma personagem tão contraditória quanto Rita: mulher, roqueira, censurada, amante, mãe, escritora e militante. A obra celebra não só os hits e trajes icônicos, mas desconstrói mitos, destaca o humor ácido da artista e sua capacidade de superar crises pessoais e sociais. O espetáculo reafirma ainda Rita Lee como feminista de vanguarda, que popularizou o diálogo sobre sexualidade e liberdade feminina num país que segue conservador. E aí, decidiu? Mas é bom se apressar: os ingressos esgotam rapidamente!
Serviço:
Espetáculo: "RITA LEE – UMA AUTOBIOGRAFIA MUSICAL"
Local: Teatro Casagrande. Av. Afrânio de Melo Franco, 290 - A – Leblon.
Temporada: Até 3 de agosto.
Horários: Quintas e sextas, às 20h; sábados, às 16h e às 20h; e domingos, às 18h.
Duração: 120 minutos.
Venda: na bilheteria do teatro ou pelo site da Eventim.
Classificação: 12 anos.